|FILME| Exôdo: Deuses e Reis (2014) (Resenha / Review)

terça-feira, dezembro 30, 2014 0 Comments A+ a-


          Em "Exôdo: Deuses e Reis", Christian Bale vive Moisés, que foi criado junto a família do faraó mas na verdade é um hebreu, povo escravizado pelos egípcios. Moisés foi salvo da morte quando criança (o faraó ordenou que se matasse todas os nascidos hebreus naquela época, por medo de uma profecia de que nasceria aquele que poria fim a seu regime) e acabou sendo adotado e criado junto a riqueza. Porém, quando sua real identidade é revelada, Moisés é condenado pelo novo faraó (com quem fora criado como um irmão) ao exílio e parte sem destino.
     Você pode não ser cristão mas certamente conhece algo do livro de "Exôdo" do Antigo Testamento. A história de Moisés, com as sete pragas do Egito, a abertura do mar vermelho etc. é uma das mais conhecidas da bíblia. É por isso que um filme desses, baseado em uma história bíblica, se torna também uma aposta muito alta de Ridley Scott pois é uma história considerada de "domínio público" e que reúne altas expectativas, de crentes ou não crentes. 
         Quando vi o trailer de "Êxodo" eu sabia que ia assistir no cinema assim que lançasse. Os efeitos especiais prometiam cenas épicas e também não é todo o dia que vemos um filme bíblico com alta produção e grandes atores. Mas foi daí que resultou o maior dos meus equívocos, da crença de que 'Êxodo' seja uma história biblíca. Sim, foi retirado da bíblia mas não é um filme religioso
      Deixe-me explicar. Todos os eventos paranormais que ocorrem no filme são colocados de maneira dúbia, de forma que todos os supostos milagres possam ter uma explicação "racional". As moscas vieram quando os peixes começaram a apodrecer e os sapos vieram para comer as moscas, de forma que pareçam várias pragas mas é simplesmente uma maré de azar. Ou não? 
         Quando se coloca um personagem para dar uma explicação dessas, mesmo que o personagem em questão termine enforcado, o objetivo está claro: lançar uma explicação racional sobre o fenômeno supostamente miraculoso. 
"Procurando uma explicação científica numa época em que nem existia ciência".
          Eu entendo que essa alternativa seja uma forma de agradar gregos e troianos, cristãos e céticos. Mas vamos falar só um segundo da narrativa, sem pensar de que se trata de uma história advinda de uma das religiões mais populares do mundo? Esse negócio de ficar agindo como se tudo tivesse uma explicação "perfeitamente natural" deixa a história chata. Eu não quero um deus que possivelmente só existe na cabeça de Moisés, que teve uma sorte lascada pra tirar um povo escravo das garras do faraó. 
Isaac Andrews, que vive Deus no filme
        Pense num filme de mitologia grega: Em nenhum momento há esse tipo de questionamento sobre a existência ou não dos deuses e de suas ações: Zeus está numa nuvem e manda um raio certeiro em alguém - CABRUM! - o raio cai na cabeça do dito cujo, sem o  mimimi de que pode ser uma região com muitos raios. É ficção, não Discovery Channel.
      As poucas cenas em que vi um Deus realmente com "D" maiúsculo foram seriamente prejudicadas pelo fato de Deus ser representado por uma criança. No começo achei interessante mas acabou prejudicando nas cenas mais dramáticas: Quando Deus diz a moisés que não vai mais esperar mais 400 anos para libertar seu povo, era pra ser o desabafo de um deus poderoso - mas soa como uma birra infantil (mesmo com a boa interpretação de Isaac Andrews).
           No mais é um filme cheio de boas cenas e efeitos especiais mas carente daquele "Q" que torna as histórias inesquecíveis ou especiais. A história se chama  tem a palavra "Deuses" mas só há um Deus - se chama "Reis" mas só há um faraó (e o pai deste, mas não conta). Utiliza 'Êxodo' no título mas resume páginas e páginas do livro homônimo em um 5 minutos de filme. Não queria alta fidelidade para uma peregrinação de anos e anos mas a história inteira foi muito corrida, o que prejudicou também a identificação com os personagens. 
Esse mar não era pra ter aberto? 
       É um filme razoável, que recomendo para vocês assistirem no cinema apenas pelos efeitos especiais. No quesito 'emoção' ainda prefiro assistir O príncipe do Egito que Êxodo. Hey, Ridley Scott: É assim que se abre um mar! 

                 Nota 7 - razoável


               

"My work always tried to unite the true with the beautiful; but when I had to choose one or the other, I usually chose the beautiful." -- Hermann Weyl Miss Carbono que é o numero 6 na tabela periodica


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